Patologia no Concreto – Sua obra está segura ?

O concreto é um material versátil, de fácil produção e acesso, durável, econômico e resistente ao contato com a água. Por isso é amplamente empregado na construção civil mundial em estruturas de prédios, túneis, portos, pontes, casas e aeroportos. No Brasil, sua utilização é predominante nas obras, alguns artigos indicam que seu uso passa de 80%.

As questões socioeconômicas do Brasil aumentaram o ritmo com que as obras são conduzidas, com menores rigores nos controles de materiais e dos serviços e mão-de-obra pouco especializada. Esses fatores combinados fizeram com que a qualidade e a durabilidade das construções caíssem, ao ponto de aparecimento de patologias em prédios com pouco tempo de construção.

As principais patologias que podem aparecer nas estruturas são:

FISSURAÇÃO

É a manifestação patológica mais comum das estruturas de concreto, que em situações mais acentuadas chamam a atenção de leigos e técnicos que algo incomum está acontecendo a estrutura. Podem ser consequências das mais diversas causas sendo da mais brandas as mais agressivas como: deficiências de projeto, assentamento do concreto, movimentação de formas e escoramento, reações expansivas, corrosão das armaduras, etc.

DESAGREGAÇÃO DO CONCRETO

Frequentemente observado nas estruturas de concreto agindo em conjunto com a fissuração. É a perda de pedaços do concreto que faz que perca sua estrutura monolítica, função ligante e engrenamento entre agregados, diminuindo a capacidade de resistência a esforços. Pode ser causado em conjunto com a fissuração ou por corrosão do concreto, calcinação do mesmo e ataques biológicos.

CARBONATAÇÃO

A carbonatação ocorre devido a concentração de CO2 na atmosfera que reage com cimento hidratado formando uma camada de carbonato de cálcio, que reduz o valor do pH do concreto (quanto menor o ph mais espessa será a camada). Condição que devido a porosidade do concreto pode alcançar a armadura de aço, quebrando o filme que a protege e corroendo-a.

PERDA DE ADERÊNCIA

Ocorre na interface de duas concretagens, ou entre barras de aço de armaduras de aço e o concreto, ou dois concretos de idades diferentes. Podendo levar a estrutura a ruir, tem consequências devido a corrosão do aço, corrosão do concreto, assentamento plástico do concreto, dilatação ou retração excessiva das armaduras e aplicação de inibidores de corrosão nas barras de aço.

DESGASTE

Pode ocorrer por 3 tipos de mecanismos: abrasão, erosão e cavitação.

Abrasão: degaste de pisos devido ao tráfego de veículos e equipamentos pesados.

Erosão: partículas sólidas são carregadas pelo ar e pela água e atingem o concreto, a intensidade do processo erosão depende da qualidade do mesmo, dureza das partículas sólidas, velocidade, etc.

Cavitação: formação de pequenas cavidades pela ação de água corrente, que em alta velocidade e mudança de direção repentina, rompem o concreto. Tirando pedaços e diminuindo sua massa.

Vale lembrar que os reparos muitas vezes são muitos custosos e lentos de serem executados, devido a alguns edifícios já estarem sendo utilizados. Em alguns casos, há a impossibilidade de tomar ações de reparo mais simples, sendo mais vantajoso demolir a estrutura.

Projetos bem elaborados devem levar em conta as todas as normas técnicas, criando melhores condições para que o concreto não apresente patologias. A utilização de mão de obra qualificada e treinada, o uso da dosagem correta, além da escolha dos materiais e do respeito ao tempo de cura do concreto; todos esses fatores, somados a manutenção preventivas, são os melhores modos de manter a vida útil de sua construção e poupar com gastos excessivos em reparos.

Autor: Renan Novaes.

Referências:

  • SOUZA, V. C. M.; RIPPER, T. Patologia, recuperação e reforço de estruturas de concreto. 1. ed. [S. l.]: PINI, 1998.
  • THOMAZ, E. Trincas em Edifícios: causas, prevenção e recuperação. 1. ed. São Paulo: PINI, 1989.

 

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